terça-feira, 28 de junho de 2011

Literatura de Cordel na EJA!

   Todas as salas da EJA do Fundamental I receberam a visita dos coordenadores de Área de Ciências,   Alfabetização e Linguagem para uma contação de história: "A tartaruga e a fruta amarela", que foi acompanha pela leitura de Cordel e apresentação de pertences e objetos da cultura nordestina. A história foi contada pela coordenadora Flavia Andrade e acompanhada pela Coordenadora Patricia Alencar ao violão. O trabalho teve como complemento a visita ao Parque Ecológico, onde os alunos com a monitoria do parque puderam entender na íntegra as diferenças entre alguns animais citados na história.







 































CORDEL

A linguagem nordestina

A linguagem nordestina
É bastante especiá,
É uma língua matuta,
Gostosa de se falá.
Leia com toda atenção,
O cordel que tem nas mão,
Pra pude apreciá.
A linguagem nordestina
É bonita, sem iguá.
Eita linguagem porreta!
Agora vou te falá.
Preste atenção, camarada
Pra você da gargalhada,
Do que agora vou narrá.

Valentão é arrochado.
Tapear é enganar.
Arretado é bom, legal.
Ir embora é arribar.
Bisnaga é pão comprido.
Aprumado é bem vestido,
Bonito pra se danar.


Pra cherá tem o tabaco
Conhecido por rapé.
Uma pessoa baixinha
É chamada batoré.
O otário é brocoió.
Tornozelo é mocotó.
Cabaça, cuia, coité.

O menor dedo da mão
É chamado de mindim.
Vagabundo, sem valor
Aqui se chama chinfrim.
Cascudo é cocorote.
O pescoço é cangote.
Coisa pouca é tiquim.

A boneca é a calunga.
Uma carona é bigu.
Pessoa desajeitada
É chamada cafuçu.
Brechá é espioná.
Jato d’água é chiringá.
Sapo grande é cururu.

Gestante é mulher buchuda.
Confusão forrobodó.
Cor vermelha é encarnado .
A garganta é o gogó.
Chicote chama chibata.
Sandália é apragata.
Gente burra é um bocó.

Puxa saco é xeleléu.
Barulho se diz zoada.
Uma grande quantidade
Aqui se chama carrada.
Suas costas é a cacunda.
As nádegas são a bunda.
Pessoas ruins, cambada.

Quer ir a lugar distante?
Vá para a baixa da égua.
Quando alguém leva vantagem
Se diz que lavou a égua.
Apressado é avexado.
O cansado é enfadado.
Se mede a distância em légua.

O homem que não faz sexo
Aqui se chama encruado.
O que tem muito dinheiro
É chamado estribado.
Insistência é lenga-lenga.
Prostituta se diz quenga.
Brôco é abobalhado.

Balaçá a tanajura
Aqui quer dizer dançá.
Velório é sentinela.
Olhar se diz espiá.
Porrada é chapuletada.
Palhaçada é presepada.
Não precisa duvidá.

Um banquinho de madeira
Chamamu de tamburete.
Uns pedacinho de cana
Descascada é rolete.
Lagarto aqui é calango.
Soldado raso é samango.
A bengala é o cacete.

Perna fina é cambito.
Seus quadris são as cadeiras.
O crânio chama-se quengo.
Estilingue é baladeira.
Enjoá é entojá.
Defecá se diz obrá.
Diarreia é caganeira.

O nariz chama-se venta
Dose de cana é lapada.
Conjunto de coisa é penca
Gargalhada é gaitada.
Pernas tortas é zambeta
Falcatrua é mutreta
Eita língua invocada!

Farto de tanto comer
Aqui se chama entojado.
A pessoa que não anda
É por que tá entrevado.
Rugi-rugi é confusão.
Cabra-macho é valentão.
Sem graça é distrenado.

Copo pequeno é caneco.
Caxumba chama papeira.
Porco novo é bacurim.
Prostituta é biscateira.
Aflição se diz gastura.
Grande distância é lonjura.
Arupemba é a Peneira.

Uma pessoa espantada
Tem olhão abuticado.
Quem tá bebo, meio tonto,
Aqui se diz calibrado.
Coisa que não presta é peba.
Qualquer ferida é pereba.
Quem tem sorte é cagado.

Peido que não faz barulho
Aqui chamamu de bufa.
Marchante é açougueiro.
Mulher gorda é pantufa.
Conjunto de coisa é penca.
Grupo de pessoa, renca.
Essa língua nos estufa.

Um buraco na estrada
É chamado catabi.
Castanha verde e mole
Noi chamamu maturi.
Cocorote é cascudo.
O mentiroso é papudo
Sujar muito é encardi.

Sorvete num saco plástico
É chamado geladinho.
Pessoa pequena ou querida
É chamada de bichinho.
Expressão de espanto, ôxente!
Arrochado, home valente.
Quero ouvir mais um tiquinho.
Um cigarrinho de paia
Noi chamamu de pacaia.
Suporte pros animá
Aqui se chama cangaia
Bando, grupo é magote.
Adolescente é frangote.
O chifre chama-se gaia.

Pra nois xarope caseiro
Chamamu de lambedor.
Abafa peido aqui
É nome pro cobertor.
Dentadura chama chapa.
Água e açúcar, garapa.
Pai d’égua é namorador.

Lá na casa-do-chapéu
É lugar muito afastado.
Mucissa é carne sem osso.
Leso é bôbo, abestado
Jarra d’água é quartinha.
Guarda-sol chama sombrinha.
Que linguajar arretado!


VOU TERMINAR MEU CORDEL
DIZENDO COM MUITO AGRADO
PRA QUEM LEU E QUEM GOSTOU
MEU RECADO FOI DEIXADO
SE VOCÊ NÃO CONCORDÁ
ESTUDE PARA DEIXÁ
O PRECONCEITO DE LADO.


de Carlos Soares da Silva
Cupira - PE - por correio eletrônico



Nenhum comentário:

Postar um comentário